MORTALIDADE PROPORCIONAL POR IDADE NO
RIO GRANDE DO NORTE
A mortalidade proporcional por idade pode ser
representada em gráfico, através da Curva
de Mortalidade Proporcional (ou
Curva de Nelson de Moraes). Para se construir a curva, calcula-se o
percentual que as faixas etárias representam diante do total de óbitos. As
faixas etárias são: menor de 1 ano, de 1 a 4 anos, de 5 a 19 anos, de 20 a 49
anos e de 50 anos e mais (a soma dos percentuais dessas faixas etárias resultam
100%). Essa curva reflete uma rápida visualização do estado de saúde de uma
determinada população, em que uma proporção superior a 50% dos óbitos no grupo
de 50 anos ou mais, indica um melhor nível de saúde (SOARES; ANDRADE; CAMPOS,
2001).
Quanto aos grupos etários, a proporção de mortes em
menores de 1 ano sinaliza a proteção oferecida contra aos fatores determinantes
que incluem os de ordem social, econômica e cultural. Em parte, este grupo recebe
primeiramente as conseqüências das alterações socioeconômicas em uma população (GUEDES;
GUEDES, 1973).
O grupo de 1 a 4 anos de idade possui valores de
mortalidade diferentes quando distribuídos nas regiões desenvolvidas e
subdesenvolvidas, e procede especialmente da ocorrência de doenças infecciosas
e desnutrição. Vale salientar que, este grupo é menos suscetível às alterações
socioeconômicas do que o grupo de menores de 1 ano. Já o grupo de 5 a 19 anos
de idade proporciona pequena capacidade de diferenciação, pois em quase todos
os níveis de saúde tem valores percentualmente baixos (GUEDES; GUEDES, 1973).
Quando a proporção de óbitos na faixa de 20 a 49
anos é elevada, sinaliza que as condições gerais de saúde são desfavoráveis,
sendo uma considerável parte das causas de morte encontradas neste grupo etário
evitáveis, dada a existência de recursos para prevenção e tratamento. É
oportuno destacar que este grupo já foi "selecionado" nas idades
anteriores, devendo ser composto por pessoas com melhores condições para
sobrevivência (GUEDES; GUEDES, 1973).
Com base na análise da mortalidade dessas faixas etárias
projetadas, a curva de Nelson-Moraes pode ser obtida e dividida em quatro
tipos:
·
Tipo
I
- Equivale a um nível muito baixo, onde a proporção de mais de 50 anos é
inferior a 50% e é alta a proporção de óbitos de menores de 1 ano e no grupo de
20 - 49 anos;
·
Tipo
II
- Equivale a um nível de saúde baixo, onde a proporção de óbito de mais de 50
anos está abaixo de 20% e é altíssima a proporção (quase 50%) de óbitos de
menores de 1 ano;
·
Tipo
III
- Equivale a um nível de saúde regular, onde a proporção de óbitos de menores
de 1 ano é alta e a do grupo de mais de 50 anos é próxima de 50%;
·
Tipo
IV
- equivale a um nível de saúde elevado, onde a proporção de óbitos mostra-se
mais elevada no grupo etário de mais de 50 anos (+ 70%). Essa curva é
característica em países desenvolvidos.
No que tange a análise do estado do Rio
Grande do Norte, para o período de 2006 a 2010, segundo dados do Sistema de
Informação sobre Mortalidade (SIM) da Secretaria Estadual de Saúde Pública do
Rio Grande do Norte (SESAP/RN), obteve-se os seguintes percentuais quanto à
mortalidade proporcional por idade: 4,62% em menores de 01 ano; 0,77% na faixa
de 1 a 4anos, 3,04% no grupo de 5 a 19 anos; 18,69% no grupo de 20 a 49 anos e
72,88% no grupo com idade igual ou maior de 50 anos. Tais dados podem ser
visualizados através da Curva de Nelson Moraes abaixo:

Segundo o último Censo Demográfico
realizado em 2010, observa-se no cenário nacional que os extremos (menor de 1
ano e igual ou maior que 70 anos de idade) na distribuição de óbitos fornecem
informações de que a mortalidade está atuando na base e no topo da pirâmide. Na
base da pirâmide encontra-se a mortalidade das crianças menores de 1 ano de
idade, representando um percentual de 3,4% dos óbitos nesse período da vida.
Tal valor, segundo a pesquisa sobre Estatísticas do Registro Civil realizada em
1980, era de 23,3%, sinalizando um declínio da ordem de 85,4% no período de 30
anos. É válido salientar que essa diminuição observada foi devido à relativa
melhoria no acesso da população aos serviços de saúde, assim como, as ações em
campanhas nacionais de vacinação, ao aumento do número de atendimentos
pré-natais, ao acompanhamento clínico do recém-nascido e ao incentivo ao
aleitamento materno (BRASIL, 2011).
Outro extremo observado é a população de
70 anos ou mais O grupo populacional de 70 anos ou mais de idade que
representava 2,3% da população total, em 1980, passou em 2010, para 4,8% do
total. A consequência desse processo de envelhecimento populacional é o aumento
da participação dos óbitos desse grupo de idade no total de mortes. Para o
Brasil, a participação dos óbitos da população de 70 anos ou mais de idade foi
de 43,9%, no Nordeste 43,3% e no Rio Grande do Norte 50,2%, sendo o estado com
maior percentual do Brasil (BRASIL, 2011).
Nesse âmbito apesar dos vieses
encontrados, no estado do Rio Grande do Norte que podem trazer desdobramentos para
a mortalidade da população, como aspectos sociais e econômicos torna-se
evidente que a curva de Moraes obtida encontra-se no grau IV, que indica índice
de saúde elevado. Com isso, pode-se observar uma melhora na elevação expectativa
de vida da população, cuja projeção da vida média no Brasil para 2050 é de
81,29 anos (BRASIL 2008).
REFERÊNCIAS:
GUEDES,
J. S.; GUEDES, M. L. S. Quantificação do indicador de Nelson de Moraes (curva
de mortalidade proporcional). Rev. Saúde Pública [online]. 1973;7:103-13.
LAURENTI, R. Comentário:
quantificação do indicador de Nelson de Moraes (Curva de Mortalidade
Proporcional). Rev. Saúde Pública
[online]. 2006, vol.40, n.6, pp. 962-963.
IBGE.
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Censo demográfico 2010: características da população e dos domicílios,
resultados do universo. Rio de janeiro: IBGE, 2011. 270 p.
IBGE.
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Projeção da população do Brasil por sexo e idade 1980-2050. Rio de
janeiro: IBGE, 2008. 93 p.
SOARES,
D. A.; ANDRADE, S. M.; CAMPOS, J. J. B. Bases
da Saúde Coletiva. Londrina: Editora da UEL, 2001.